Disparidade em preços ameaçam suinocultura brasileira, diz setor:
"Custos de produção superam ganhos com venda de animal. Setor fala em dívida bilionária assumida para se manter na área
"
Cenário de incertezas para suinocultura brasileira. Com custos de
produção superiores aos ganhos obtidos pelos produtores com a venda dos
animais, o setor tem amargado por ano um prejuízo estimado em R$ 3,5
bilhões. Para manterem-se na atividade os criadores têm desembolsado o
montante bilionário. O segmento argumenta estar em crise como destaca
Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de
Suínos (ABCS).
"O preço pago ao produtor está sendo insuficiente para cobrir os custos
de produção, que estão altos.
Tivemos frustrações nas safras do Sul e
isso impactou fortemente no aumento do milho da soja, que elevou os
níveis [de despesas]. Essa crise está sendo devastadora", ponderou
Lopes, em entrevista ao 'G1. Na maioria dos casos, a relação entre custo
e ganhos gira na casa de R$ 2 para R$ 1, respectivamente.
"Existem pessoas deixando a atividade porque não conseguem mais
remunerar e pagar as contas, os fornecedores. Estamos deixando de
investir em tecnologia, as devidas manutenções dentro das granjas",
pontuou o presidente da Associação.
Um eventual desabastecimento de carne suína não é descartado.
Atualmente, 82% da produção brasileira de suínas é absorvida pelo
mercado interno, enquanto 18% destinam-se ao exterior. "Se continuar
desta forma não temos dúvida. Em breve podemos ter um resultado sobre
isso, desastroso para a população", manifestou Marcelo Lopes.
De acordo com o setor, há pouco mais de um ano criadores têm sido
afetados pela distância entre os custos de produção e de venda para o
mercado.
Presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso, Paulo
Lucion diz que no estado a situação é ainda mais grave. O setor tem
amargado nos últimos anos uma série de prejuízos na hora de produzir.
Pelos cálculos da Acrismat, anualmente o segmento perde por ano R$ 12
milhões devido a não equiparidade entre a relação custo e benefício.
Somente a unidade federada detém o quinto maior plantel brasileiro de
suínos e abate por mês aproximadamente 170 mil animais.
"O preço pago ao produtor não evoluiu. O setor desvalorizou. Produtores
estão saindo da atividade e não sabemos o que dizer aos nossos
criadores", ponderou o presidente que há 32 anos atua na suinocultura.
De acordo com o dirigente, o maior peso para exercer a atividade está na
aquisição de insumos para alimentação. Esta demanda absorve 70% dos
custos. Até 80% dos itens usados na alimentação dos suínos têm como base
o milho e a soja.
"No estado não registramos ainda fechamento de granjas, mas os
produtores estão reduzindo o plantel, como de matrizes", lembrou Lucion.
A produção de suínos concentra-se fora do eixo da Grande Cuiabá
(capital e regiões metropolitanas). Está distribuída em polos como Campo
Verde, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Tapurah e Rondonópolis,
conforme a Associação que congrega o setor.
Saídas
Para minimizar os efeitos do fantasma da crise que afeta o setor, tanto
Associação Brasileira de Criadores de Suínos e Associação dos Criadores
de Mato Grosso falam na criação de garantias, como a de preços mínimos.
"Estamos atrás dessa conquista para termos melhores valores para
produzir. A briga é aumentar o valor pago na produção. O custo vai
continuar alto porque a demanda também está e isso não poderá ser
revertido em curto prazo. Precisamos ter melhores condições para
produzir", manifestou Marcelo Lopes, presidente da ABCS.
Em Cuiabá, suinocultores participaram de uma reunião na sede da
Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) para debater
os rumos da atividade e as alternativas para minimizar os impactos.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br/
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